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Mais de 1 bilhão de profissionais em todo o mundo irão utilizar, até o final deste ano, algum tipo de dispositivo móvel como ferramenta de trabalho – muito mais do que como um mero telefone portátil. É o que aponta um estudo recém-divulgado pela consultoria IDC, que projeta um crescimento contínuo da adoção da mobilidade na força de trabalho. Em 2013, ela deve atingir 1,2 bilhão de usuários corporativos, ou 35% da força de trabalho mundial.

Diante da expressividade desse número, também chama a atenção uma característica muito importante dessa movimentação: a presença e o grande potencial da mobilidade em uma infinidade de segmentos. No ramo industrial, há diversos cases que envolvem o emprego do conceito de M2M (Machine-to-Machine), que abrange o uso de tecnologias móveis para gerenciar, à distância, a movimentação e o funcionamento de máquinas.

Se pesquisarmos no mercado, também veremos projetos de mobilidade já concluídos ou em implantação em ramos como transporte de cargas valiosas e pesadas, portos e ferrovias, terceirização de mão de obra, medição, distribuição e consumo de energia elétrica, água, gás natural, petróleo e derivados, e monitoramento de caixas eletrônicos, máquinas dispensadores (vending machines) e elevadores.

A maior procura por soluções de mobilidade em segmentos diversos, seja para fins de comunicação ou para gerenciar remotamente a movimentação de pessoas e ativos, é em parte resultado da grande flexibilidade e da aderência das tecnologias móveis às características operacionais de cada setor. Isso permite, por exemplo, que celulares, smartphones e handhelds possam operar em combinação com tecnologias complementares. Uma delas é a telemetria, usada para realizar mensurações complexas de forma remota e automática.

Independentemente do setor, a onda da mobilidade corporativa já atinge em cheio o mercado brasileiro, no qual as vendas de notebooks caminham a passos firmes para superar as de computadores de mesa. Ainda de acordo com o IDC, 38% das empresas nacionais de grande e médio porte já utilizam aplicações móveis de dados, enquanto 67% utilizam redes sem fio internas (as chamadas WLANs). Por enquanto, a principal aplicação ainda é o e-mail móvel, o que por si só já é capaz de aumentar significativamente a produtividade. Entretanto, diversos segmentos brasileiros já investem em aplicações mais sofisticadas do que o e-mail, incluindo soluções de automação da equipe de vendas e de serviços técnicos em campo, além de ERP e de CRM móvel.

O crescente emprego da mobilidade pode ser visto, em parte, como uma resposta do setor de computação aos efeitos da recente crise econômica global. Em 2009, a venda global de PCs sofreu uma queda de 6,4% em relação ao ano anterior, totalizando 11 milhões de unidades comecializadas. Mas os notebooks começam a equilibrar a balança, tendo alcançado um volume de vendas 19% maior em 2009, chegando a 3,8 milhões de unidades vendidas.

O uso da mobilidade é impulsionado, principalmente, pelos avanços tecnológicos, pela crescente velocidade da internet e, por que não, pela busca de uma maior qualidade de vida. Trabalhadores e especialistas em TI consideram que celulares, smartphones, notebooks, netbooks, tablets, etc. proporcionam um maior equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho, já que em muitos casos ‘substituem’ a presença física por um bom trabalho desempenhado à distância. Isso sem falar nos benefícios operacionais, com maior eficiência e rapidez nas tarefas e eliminação de despesas e prejuízos com deslocamentos, reuniões e atrasos nos fluxos de trabalho.

Passada a fase de massificação do uso da telefonia celular no Brasil – superação mais do que atestada nas últimas semanas, com números da Anatel indicando que o país já possui mais de um celular por habitante (189,4 milhões de aparelhos, no total) -, a preferência agora é por maior desempenho e durabilidade no momento de escolher dispositivos móveis, principalmente para uso corporativo. Com a maior diversificação de segmentos interessados em adotar soluções de mobilidade, é importante identificar projetos com dispositivos e com equipamentos adaptados para as características de cada setor. No caso de ambientes industriais, por exemplo, deve-se considerar condições críticas como umidade, temperatura, iluminação e poluição.

Independentemente do nível de sofisticação em mobilidade, o mercado brasileiro precisa por em prática medidas para evitar a defasagem de sua estrutura. Na região da Ásia-Pacífico, por exemplo, 37,4% do total de trabalhadores devem se tornar ‘móveis’ nos próximos três anos. Já os EUA continuam ostentando a maior concentração local de trabalhadores móveis – em 2008, já eram mais de 70% do total de empregados, percentual que deve subir para 75,5% em 2013. Na Europa, a previsão é de que mais de 50% de seus empregados estejam utilizando tecnologias móveis em um futuro próximo.

Aos poucos, a mobilidade torna-se mais que um diferencial de mercado. Nesse momento, caminha para ser, também, um meio de manter a competitividade das indústrias frente à concorrência interna e estrangeira – e do país diante da concorrência internacional.

Por Wagner Bernardes Quarta-feira, 20 de outubro de 2010

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